my love for veganism
Being vegan is weird. Not for the food, though. Eating meat and dairy is fucking insane in my opinion. But being vegan is weird because you’re surrounded by suffering and you are aware of that. You’re aware that this mainstream way of life is built upon unbearable suffering, that there are beings in the world that will never know sunlight, or love, or compassion. Can you see? There are beings in this world that will never know how it feels to be loved and taken care of. For them, life is about abandonment, experiments, rape and death. And you look around and your family is ok with it, your friends are ok with it. And you cannot talk about how much your heart hurts everyday, because you are not the normal one and nobody wants to listen. I ask myself how a society so painfully laud can be so silent about the things that matter. It’s like being an abolitionist in the 1700s. Or saying the Earth was not the center of the solar system when everybody thought the contrary. You have to dissociate through life. Just go be productive. Just go distract yourself, lose yourself, pretend it’s ok and the world is only love and light and hugs and instagram filters. But honestly, there is a part of me that will never be ok, there is a part of me that is permanently damaged for how cruel the current reality is. And if this sorrow is the price I pay for caring about animals, I am more than willing to pay.
Autumn Leaf
Pastéis
Esses minutos que se fazem dias, que se fazem meses, que se fazem anos, que consomem a minha vida. Tudo era pastel por um tempo. Como o episódio das meninas superpoderosas que eu assitia quando criança, em que o colorido do mundo era engolido por uma onda preto e branco. No meu caso, foi uma onda pastel. Amarelo-pastel, vermelho-pastel, verde-pastel. Estive navegando por esse mar desbotado de emoções confusas, de uma ansiedade disforme, de um medo vacilante. E continuei navegando, tentando convencer a mim mesma de que era tudo ilusão de ótica. As cores não haviam desbotado, o sol ainda era cintilante. Mas vejo que desbotou sim. Tudo desbotou mesmo. E em resposta, tratei de esconder minhas cores. Passei a criar apenas esporadicamente, e a guardar tudo como um tesouro escondido longe do mundo. Disse a mim mesma que ninguém precisava ver, nunca mais. Alguém disse que eu parecia triste. Eu disse: não, só foram as cores que desbotaram, não vê? Descobri que fugir dos pastéis é uma futilidade. Eles existem, como os neons e os vibrantes. E são belos, de certo um pouco melancólicos, mas sem dúvida suaves. Suaves como eu. Como eu poderia não amá-los? No fundo, eu nem gosto dos neons e dos cintilantes. Eles machucam meus olhos, eles gritam nos meus ouvidos. Eu só queria ser abraçada por um pôr do sol rosa-pastel. Dormir tranquila em um oceano azul-marinho-pastel. Talvez por isso eu ame os fins de tarde e deteste o meio-dia. Nos fins de tarde, a vida é tranquilamente pastel; no meio-dia, o mundo grita com sua garganta neón – e eu só quero me esconder na suavidade perdida do laranja-pastel. Percebi, enfim, que não é porque é pastel que precisa ser desbotado. Talvez o que aconteceu foi que alguém deixou cair alvejante no meu mundo deliciosamente pastel, e eu me afundei nessas cores desbotadas que não conhecia. Mas os efeitos do alvejante estão passando, e tenho reencontrado meu amor por criar. Criar por criar. As cores estão começando a vibrar novamente, e eu a vibrar junto com elas.
06/07/2020
Morgana Lino.
Inverno
após um longo e reconfortante verão
e um rápido e repentino outono.
Está inóspito.
Condições extremas.
Paisagens desérticas.
Ninguém pode sobreviver aqui além de mim, acostumada que estou.
Ainda assim, a vida dança entre as rachaduras e fissuras da camada de gelo que cobre meu trêmulo pulsar.
Minhas respostas às pessoas e ao mundo são ríspidas e geladas
como os ventos cortantes que sopram
em meu peito.
Tento me agarrar aos poucos raios solares que desafiam a estação
Alcançando timidamente o solo
Ajoelhada sobre meu coração congelado,
eu peço para ser levada de volta para o verão. Para o calor do sol implacável,
para os dias despreocupados,
a leveza no ar,
os sorrisos que tão facilmente escapavam dos meus lábios
e faziam festa no encontro de sorrisos alheios.
Me leve de volta para o fogo.
Ah, Deus, me leve de volta para o fogo!
Ou melhor! me acerte com um de seus relâmpagos e acenda de novo a chama
que parece ter se apagado dentro de mim.
Meus clamores são tragados pelo vazio gelado,
ecoando roucos nos glaciais sem vida.
Mas o inverno tem lá suas belezas.
Imersa em silêncio absoluto
aprendi a decifrar o uivo dos ventos.
A aurora boreal se desmancha no céu como um lembrete de que a beleza é condição da existência.
No esgotamento de mim mesma
encontro a estaca zero da vida.
Do lado de fora, o mundo me apresenta
suas exigências de um verão eterno.
Mas está gelado aqui
e eu mal tenho vontade de falar.
Me perguntam aonde eu fui parar.
Eu digo que ainda estou aqui, quieta. Vivenciando mais uma estação,
passageira como todas.
Alguns tentam me aquecer, sem sucesso.
O meu frio é interno.
Eu olho o mundo com olhos de inverno
e portanto, não posso ver senão o esfacelamento da vida.
Uma parte foi dizimada pelas intempéries
Outra, hiberna
protegida em seus sonhos da devastação que nos cerca.
O único animal acordado sou eu.
Mas, abaixo da vegetação morta
e do vazio que varre o horizonte até o infinito
jaz a atividade inesgotável da vida que germina.
As sementes enterradas nesse solo gasto gestam a fúria do verde vindouro,
que um dia cobrirá tudo isso que agora parece morto.
O frio é tanto assassino do medo
como progenitor da ousadia.
Que sejam respeitadas as estações,
pois é no inverno que a primavera ganha força
carregando no ventre a loucura e a inocência
de novos dias.
05/10/2018
As Quatro Estações, Inverno
Morgana.